Estando a Lua representada em forma de D, tal como é vista no hemisfério Norte, e com o rosto de perfil olhando para baixo, percebemos que não se trata de um eclipse total do Sol. Este fato mostra que, decerto ainda está na fase crescente, inclusive em seu primeiro quarto. Tratamos de uma curiosa ocultação do Sol, de um eclipse paradoxal e certamente não devemos interpreta-lo ao pé da letra porque, astronomicamente é impossível existir um fenômeno celeste deste tipo. Na realidade, conforme o explicado é impossível ocorrer a ocultação total ou parcial do Sol, a ,menos que o Sol, a Lua e a Terra estejam situados no mesmo eixo. Em hipótese alguma poderia ocorrer este enigma no primeiro quarto da Lua.
A princípio temos aqui um fenômeno extraordinário, irracional e impossível. No entanto é exatamente isso que torna este arcano tão interessante. Esta impossível passagem do primeiro quarto da Lua, diante do Sol, projeta uma sombra sobre a Terra, uma representação que contém a luz e não a da crescente escuridão. Aqui tratamos do reino das sombras como componente da Luz. Tudo o que está oculto em nós e no universo está representado por esta carta que faz alusão a décima ooitava letra-número da cabala, “tsâdé” que significa lado oposto, e também lado ou braço, ainda o braço do Divino.
Assim percebemos que a sombra contida na luz representa o divino em nós, ou todo o aspecto oculto de nossa personalidade.
Em um jogo de cartas este arcano está frequentemente relacionado com nossas dificuldades, problemas, conflitos, decepções e desilusões, cujas causas e origens certamente encontramos em nós mesmos, nossos erros e debilidades. A Lua em um lance de cartas, frequentemente aparece se referindo à vida e as relações familiares, à confusão de idéias e sentimentos, aos pensamentos e à vida íntima, ao apego ao passado, ao psiquismo e ai inconsciente. Uma circunstância difícil, que nos põe à prova, que nos obriga a desfazer do passado e lançar-nos ao desconhecido e buscar nossas fontes interiores.
Na astrologia está associado ao signo de Câncer, ao segundo decanato de Touro e o segundo decanato do signo de Aquário, também a lua em escorpião como a sabedoria oculta dos abismos da alma, e o Sol na oitava casa domo a descida aos infernos. É o labirinto do Rei Minos em Creta, a viajem de Orfeu, de Ulisses, de Hercules, de Psique e de Enéias ao reino de Hades.
Seus significados positivos são: imaginação criativa, dotes ou qualidades psíquicas, doçura receptiva, premonições, intuições, popularidade. Seus significados negativos são: Dificuldade, adversidade, erro, engano, decepção, passividade, sedução, angústia, confusão de sentimentos, dependência afetiva ou material.
No entanto seu simbolismo encerra muito mais do que parece a priori, de cada lado há uma torre limitando o espaço, da Lua caem gotas de sangue, as gotas de sangue representam a descida do espírito à matéria. Ali há um cão (espíritos servis) e um lobo (larvas ferozes) e um caranguejo (elementais rastejantes) estão ali atentos a queda da Alma na Matéria, é a materialização adâmica.
No I ching 29 K’an – O Abissal (Àgua)
Leonardo Rocha '.'
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