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“A MAIOR DE TODAS AS IGNORÂNCIAS É REJEITAR UMA COISA SOBRE A QUAL VOCÊ NADA SABE."

sexta-feira, 14 de maio de 2010

Marie Victor Stanislas de Guaita


Guaita nasceu num sábado, 6 de abril de 1861 às 5 horas da manhã, em Alteville, perto de Nancy,

na Lorraine Francesa. Seu signo ascendente posicionou-se aos 27º 30´ de Peixes e seu signo solar

colocou-se em Áries. Era filho de François Paul de Guaita e de Marie Amélie de Guaita, católica

fervorosa. Seu pai provinha de uma antiga família de origem germânica, vinda da Itália no reino de

Carlos Magno. Seus antepassados foram homens de guerra, religiosos e poetas. Em 1715, o tataravô

de Stanislas de Guaita estabeleceu-se em Frankfurt, casando-se com uma jovem alemã. Durante o

império Napoleônico, o avô de Guaita alistou-se no exército Francês e adquiriu a nacionalidade

francesa. O pai do ocultista fixou-se em Alteville, onde nasceu o Mestre. A família de sua mãe era

de descendência francesa.

O brasão dos Guaita possuía um escudo dividido horizontalmente. Na parte superior, uma águia

imperial, bicéfala, destacava-se em negro, tendo sobre sua cabeça uma coroa. A parte inferior do

escudo era em prata com três esquadros de lápis lazúli, com bordas de triângulos alternadas, em

prata e negro.

Os autores que escreveram sobre Stanislas de Guaita não chegaram a nos fornecer muitos dados

sobre a sua vida iniciática. Aprofundaram-se apenas na doutrina que ele próprio expôs em seus

livros; os dados sobre sua vida particular, que poderiam interessar a todos aqueles que o admiram

através de sua obra, referem-se apenas a aspectos exteriores. Apenas sua correspondência com

Joséphin Péladan deixa entrever a natureza oculta e séria de seus trabalhos iniciáticos.

Na verdade, pouco antes do nascimento de Stanislas de Guaita, estava na moda o espiritualismo

esotérico. Segundo o Mestre Papus, por volta de 1850, os Rosa+Cruzes tinham recebido a missão

de encetar uma reação contra o materialismo oficial. Tinham se organizado centros Martinistas e

parecia que o espírito cristão voltava a renascer. Este foi o clima no qual Guaita veio ao mundo das

formas.

Entretanto, é impossível apresentar o interior de um Iniciado de sua envergadura e revelá-lo ao

público, sem efetuar uma grande profanação. O homem interior só se deixa revelar à própria

Divindade. Aqueles que vivem no exterior recebem apenas os reflexos de sua grande luz. Da mesa

do Senhor as migalhas caem no chão e são digeridas por todos aqueles que aspiram a poder, algum

dia, partilhar do celeste ágape.

Possam todos os iniciados que se baseiam na vida e obra dos divinos Mestres da Humanidade, um

dia participar de tão glorioso banquete.

No colégio dos Jesuítas em Nancy, Stanislas de Guaita teve como companheiro Maurice Barrès,

poeta que chegou a ingressar na Academia Francesa. Na primavera de 1880, Guaita e Barrès, jovens

aprendizes de filósofos, viveram em Nancy com plena independência. Assim diria Barrès,

referindo-se àquela época: "Esse tempo continua sendo o mais agradável de minha vida... O dia

todo, e eu poderia dizer, a noite toda, da mesma forma, líamos poemas em voz alta um para o outro.

Guaita, que possuía uma saúde magnifica e não abusava dela, deixava-me somente tarde da noite,

mas ao amanhecer ia contemplar a elevação das brumas sobre as colinas que rodeavam Nancy".

A poesia foi pois, a primeira manifestação literária de Stanislas de Guaita. Escreveu "Les Oiseaux

de Passage" em 1881, com 20 anos de idade, "La Muse Noire" em 1883 e "Rosa Mystica" em 1885.

Em 1882 desembarcou na capital, juntamente com seu inseparável companheiro Maurice Barrès.

Nessa época já se havia iniciado nos estudos ocultistas e efetuado um bom relacionamento com os

esoteristas parisienses. Barrès procurou logo o mundo das artes, enquanto Stanislas de Guaita fez

apenas um pequeno giro de reconhecimento da cidade e se concentrou em seus livros. Guaita

renunciou sem vacilar à poesia. Tinha encontrado em outra parte o seu caminho. O objetivo de seu

deslocamento para Paris era a Faculdade de Direito. Procurava algo mais elevado, embora não

tivesse ainda total certeza do que se tratava. Sua vocação foi decididamente encontrada através da

leitura de livros de Eliphas Levi e da obra "O Vício Supremo", de Joséphin Péladan, pois encontrou

no Sâr um mestre vivo. O primeiro contato entre ambos deu-se através de uma correspondência

endereçada por Stanislas de Guaita a Joséphin Péladan em 1884, quando o remetente possuía 23

anos e Péladan 25. Esta carta foi o prenúncio de uma amizade que mesmo vindo a ser

posteriormente abalada, perdurou praticamente até a morte de Stanislas de Guaita. Datada de 3 de

novembro, nela Guaita expressava-se ele mesmo, a Péladan "por falta de amigos comuns", na

esperança que o autor lhe esclarecesse alguns pontos que o intrigavam. Mais tarde, descobriria que

Péladan era um assíduo leitor de Eliphas Levi, possuindo praticamente todas as suas obras. Stanislas

de Guaita confessou que considerava a Cabala uma Ciência magnífica, possuidora de "dogmas

grandiosos e mitos incomparáveis". Nessa época assinava com um aleph, o que demonstra a

linhagem cabalística do jovem ocultista.

Depois de ter conhecido Péladan, Guaita relacionou-se sucessivamente com Barlet, Papus e Julien

Lejay. eram seus amigos o Abade Roca (Alta) e Saint-Yves d´Alveydre. Intensificou, a partir

desse momento, suas pesquisas ocultistas e a busca de livros raros nos sebos das margens do rio

Sena. Montou uma invejável biblioteca cabalística, cuidadosamente encadernada e catalogada.

Péladan tinha uma brilhante erudição, mas de pouca profundidade. Os dois ocultistas, em suas

correspondências assinavam Mérodack, Péladan, e Nébo, Stanislas de Guaita.

Mérodack, nome caldaico que expressa os atributos de Júpiter; Nébo, igualmente de origem caldéia

que se refere aos de Mercúrio.

Em sua obra "Os Filhos das Estrelas", Joséphin Péladan diria:

"Espírito de Mérodack! Ó Júpiter! Espírito de Força e de Misericórdia, Senhor mui generoso,

magnânimo imperador de Deus, senhor do templo e do palácio, chefe dos magos e dos reis, astro do

cetro e da mitra, fazê-nos render a todos a honra que nos foi dada."

"Espírito de Nébo! O! Mercúrio! Espírito de sutilidade e de magia, que ensina as partes, possuidor

dos secretos, senhor dos talismãs, árbitro do destino, desenvolve em nós o espírito profético e

sagrado; permite-nos descobrir o mistério celeste, astro de inteligência, de sucesso, de milagres."

Por sua vez, Stanislas de Guaita, demonstrando o respeito que possuía por Péladan, numa de suas

cartas diria:

"Eu sei, eu sinto que vós sois uma Inteligência superior à minha... Vós sois um gênio de

espontaneidade e de síntese; eu sou um talento de paciência e de análise... Em vossos contatos

amistosos, vós tendes o verdadeiro tato: aquele da Inteligência do Coração."

Posteriormente, por ocasião do afastamento de seu amigo a quem chegou a chamar de "grande

fanático", sua admiração por Péladan arrefeceria. Em verdade, os conhecimentos de Péladan

fundamentavam-se naquilo que lhe ensinara seu irmão e mestre o Dr. Adrien Péladan que Guaita

não chegou a conhecer, bem como, no companheirismo do sábio cabalista Albert Jounet, diretor da

revista "A Estrela", poeta esotérico que escreveu "As Ísis Negras" e "O Livro do Juízo" e que

também foi amigo de Guaita.

Escrevendo a Maurice Barrès, Stanislas de Guaita diria:

"Leia os livros de Eliphas Levi e você verá que não há nada mais belo do que a Cabala. E eu, que

sou relativamente versado em Química, não me admiro ao ver até que ponto os alquimistas eram

sábios verdadeiros; com certeza a pedra filosofal não é nenhum embuste. A ciência mais

contemporânea e mais esclarecida tende a confirmar hoje as geniais hipóteses dos magos de 6 mil

anos atrás."

Stanislas de Guaita sempre foi um reconciliador, e a impressão que se tem é de que ele sempre

estava procurando formar um grupo de Homens de Desejo, em torno de si e talvez de Saint-Yves

d´Alveydre. Isto poderá explicar sua paciência na busca da reconciliação de uns e outros possíveis

candidatos ao adeptado.

Stanislas de Guaita encontrou em Papus e Barlet as duas colunas de seu edifício intelectual. O trio

tinha em Eliphas Levi, Fabre d´Olivet, Khunrath, Martinez de Pasqually, Saint Martin e Jacob

Boheme os guias invisíveis que iluminavam a senda por onde deveriam passar não somente esses

homens de vontade, mas todo aquele rebanho por eles apascentado. Seguindo as pistas de Jacob

Böehme, de Eckhartaussen, de Pico della Mirandola, de Marcelo Ficin e de Knorr de Rosenroth é

que Guaita chegou a Saint Yves d´Alveydre.

Stanislas, Papus e Barlet, apoiavam-se nas obras dos mestres e na Cabala Judaica, fundamento da

Alta Magia. "Agora que fiz a síntese absoluta de minhas idéias sobre Cabala", disse Guaita, "estou

em condições de lhe dizer: meu caro amigo (Péladan), estou CERTO. Herméticamente falando,

estou absolutamente certo de estar na tradição ortodoxa... estou convencido de que te falo com

conhecimento de causa. Ah! se pudesse em algumas linhas comunicar-te a claridade que me

inunda... Parece-me que a luz se faz em meu espírito, e que os Arcanos se esclarecem. "

Percebe-se, que assim como Papus, Guaita representava a Senda Ativa da Iniciação, aquela que

conduz o Adepto a tomar "o céu por assalto". Por isso, quando o mestre Gérard Encause fundou em

Lyon a Escola de Magnetismo, tendo Philippe Nizier como seu Diretor, nomeou como professores a

Guaita, Sedir, Barlet, Péladan, Chamuel, Marc Haven, Maurice Barrès e a Victor Emile Michelet. A

finalidade oculta dessa escola era a de recrutar membros para as Sociedades Iniciáticas dirigidas por

Papus e Guaita. Nessa escola, ensinavam Hebraico, Cabala, Tarot, Astrologia, História Oculta,

Magia e Medicina Oculta. Papus, numa de suas obras, falando de Guaita, afirma que ele, foi um

sábio cabalista contemporâneo, demonstrando seu respeito pela figura de Stanislas.

Stanislas de Guaita passava cinco meses do ano no seu apartamento térreo da Avenida Trudaine, em

Paris, na zona norte da cidade, onde recebia seus amigos ocultistas e onde mantinha uma segunda

biblioteca. Seu salão, todo decorado de vermelho, obrigava a sérias meditações. As conversas com

os amigos, assim como leituras cabalísticas, eram estimulantes para o espírito. Maurice Barrès, seu

amigo de infância, dizia que ele era capaz de ficar semanas inteiras sem sair do apartamento. Muitas

vezes cortava esse isolamento voluntário pela "caça" aos livros e raramente regressava sem trazer

um exemplar raro. Os sete meses restantes do ano eram passados no campo, em seu castelo de

Alteville, com sua mãe, certamente cuidando de sua produção material. No entanto, jamais se

descuidava de seus estudos ocultos e procurava visitar os doentes nos vilarejos vizinhos, exercendo

uma medicina caseira herdada de seu pai. Tinha um quarto da casa transformado "Laboratório

Alquímico", para uma atividade que dizia exercer desde sua tenra juventude. Esse recinto era

guardado, segundo acreditavam alguns criados e alguns amigos que freqüentavam sua intimidade,

por um fantasma.

Tinha ele, nesse local, outra biblioteca e era, certamente, o local de reunião alternativo dos

Rosa+Cruz, da qual foi o seu verdadeiro renovador. Seu Laboratório químico proporcionava a

transformação dos elementos por inúmeras combinações; da mesma forma, ocorria em seu ser uma

transformação espiritual, testemunhada por seus escritos e pelas conversas sempre estimulantes, que

acalentavam os corações de todos os seus irmãos. Os trabalhos realizados em Alteville, com seus

companheiros mais íntimos, efetuavam-se com muita harmonia, apesar da oposição de sua mãe,

católica praticamente. Segundo contaria posteriormente seu secretário, Oswald Wirth, desde muito

jovem têm-se notícia de que Stanislas de Guaita ousava escrever livros que pareciam heréticos à sua

mãe viúva, embora ela não pudesse compreender que eram de um escritor esotérico e cristão. Ela

não entendia a independência religiosa do filho e temia pela sua condenação eterna. "Confesso a

divindade do Cristo-Espírito", escrevia-lhe o filho, "e professo o cristianismo universal ou

catolicismo...(1890)... Creio em Deus e na Providência e não há um dia em que eu não eleve várias

vezes minha alma em direção da Absoluta Bondade ou meu espírito em direção da Verdade

Absoluta."

Esta incompreensão familiar, estendeu-se pela sua cidade natal, e o próprio clero e a igreja

passaram a condenar seus escritos, sendo perseguido e banido da comunidade eclesiástica.

Posteriormente, um padre seu amigo, conseguiu, após árdua luta, reconciliar Stanislas de Guaita

com o poder monacal.

Apesar de ter nascido com imensa bagagem espiritual, jamais deixou de consultar a opinião dos

antigos ocultistas, através de seus livros. Pois a verdade não se inventa: ela existe há séculos e cabe

a nós encontrá-la na literatura, na Natureza e em nosso próprio interior. A opinião daqueles que

dedicaram uma vida inteira à busca do conhecimento não pode ser negligenciada. Daí a grande

importância das leituras. Guaita sabia disso e dialogava diariamente com Eliphas Levi, Fabre

d´Olivet, Trithemo, Paracelso, Saint-Martin e com outros pais da espiritualidade ocidental, não

apenas através de seus escritos, mas também através da Luz Astral.

O ambiente de sua biblioteca parecia exaltar os mais puros pensamentos e lá as pessoas esqueciam-

se do tempo. Guaita lia raramente os jornais, mas concentravam-se nos seus grimórios, pantáculos e

nos grandes clássicos do Ocultismo. Vivendo nessa atmosfera a maior parte do tempo, pairava

acima das condições mundanas de sua época, podendo elevar os seus pensamentos às mais puras

abstrações. Segundo Barlet: "ele via sábios pretenderem englobar no ciclo de suas descobertas todo

o infinito do mundo, a ciência revoltar-se contra a fé, o espírito novo lançar-se contra a experiência

dos séculos e o dogma do progresso material predominar sobre o da perfeição espiritual e moral".

Para Stanislas de Guaita, o importante era alcançar a beleza da alma, e para isso, em primeiro lugar

era necessário vencer o orgulho. Era necessário transformar o instinto em sentimento e o sentimento

em ideal. Era necessário renunciar aos prazeres sociais em seu aspecto coletivo, para que pudesse

nascer a individualidade. "A sabedoria é o único egoísmo permitido, a glória é a única realidade

aceitável quando ela é conquistada nas alturas" diria ele. "Não devemos deixar que a vida nos

lastime, que entorpeça pelas circunstâncias exteriores o esforço de perfeição individual. O mago

deve libertar-se do mundo, e não sofrer nele." - "Para ser mago, é necessário ser um gênio, um elo

da corrente dos homens predestinados que transmitem, uns aos outros, de idade em idade, a chama

da luz" diria Divoire, completando seus pensamentos.

Stanislas de Guaita, esse jovem ocultista, que possuía o mais vivo desejo de atingir o Nirvana, e que

congregava uma plêiade de cabalistas do mais alto nível, a partir da última década do século XIX,

como Papus, Barlet, Julien Lejay, Chaboseau, Polty, Marc Haven, Victor Emile Michelet, Sedir,

Péladan, Oswald Wirth e outros, não deixou de fundar uma sociedade que congregasse os maiores

talentos da época, vivificadores da Santa Cabala, e que ressuscitasse dos velhos santuários o

simbolismo da Rosa+Cruz.

Seu conhecimento com Oswald Wirth teria ocorrido em 1887, a quem uma mulher doente à qual

houvera magnetizado, lhe anunciara que recebia uma carta lacrada em vermelho e com armas da

nobreza, endereçada por um homem jovem, de cabelos e pele clara e de olhos azuis, com idêntico

interesse que o de Wirth. Efetivamente, essa carta foi escrita por Guaita na sexta-feira santa daquele

ano, convidando Oswald Wirth para um almoço no dia seguinte, para travarem conhecimento

pessoal.

Esse encontro entre os dois eminentes ocultistas, acabou produzindo, dois anos depois, em 1889, a

união do simbolismo maçônico que Wirth estudara em 1884, com o significado interior do Tarô,

professado por Guaita, na publicação das cartas desenhadas pelo primeiro, sob o título: "O Taro dos

imaginários da Idade Média".

A Sociedade fundada por aqueles talentosos ocultistas da época, teria sido fundada e tornada

pública pela necessidade de denunciar publicamente o abade Boullan, de cujos ensinamentos Guaita

desconfiou, encarregando Wirth de investigar a verdadeira essência de sua doutrina.

Verificou-se que Boullan recorria à Missa Negra, a orgias sexuais entre os membros da seita e a

outros fenômenos prejudiciais à saúde dos mais fracos. Concluiu-se que Boullan era discípulo de

Eugêne Vintras, o feiticeiro desmascarado por Eliphas Levi, Vintras fundara a seita do Carmelo,

cujas aberrações Guaita revelou no Templo de Satã, denunciando-as à opinião pública. Boullan foi

condenado à retratação pública por um tribunal de Adeptos Rosa+Cruzes e, tendo-se agravado seu

desequilíbrio psicológico, imaginou que Guaita teria sobre ele lançado algum enfeitiçamento.

Guaita acabou sendo acusado de práticas mágicas contra Boullan por Jules Blois nos jornais "Le

Figaro" e "Gil Blas". Esse caso explica os duelos de Jules Blois com Guaita e Papus, que felizmente

não ocasionou nenhuma gravidade maior.

A Rosa+Cruz tinha na época como objetivo, além de recrutar intelectuais capazes de adaptar a

tradição esotérica do século que estava entrando, explica-nos Stanislas de Guaita, combater a

feitiçaria em todos os lugares onde ela pudesse ser praticada. "Nós os condenamos ao batismo da

luz" enfatiza Guaita em O Templo de Satã. Ele procurava conhecer todas as artimanhas do maligno

para combatê-lo com toda potência possível.

O acesso aos graus da Rosa+Cruz Cabalística era efetuado mediante exame, sendo que para o

último grau era necessário a defesa de uma tese sobre um tema estabelecido pelo Supremo

Conselho, o qual era formado por seis membros conhecidos e por seis ocultos. Os membros

conhecidos eram Guaita, Papus, Barlet, Polti, Péladan e Agur.

François Charles Barlet, escrevia a respeito da obra de Guaita: "A harmonia dos contrários é a

fórmula mais indicada para caracterizar a tua obra... Teu método é, ao mesmo tempo, analítico e

intuitivo... Nem pontífice nem inovador: tu serás o fiel apóstolo das verdades que recebestes..."

Com a demissão de Péladan da Rosa+Cruz Cabalística, foi admitido o abade Roca, pseudônimo da

Alfa. Ele, convocado pelo bispo de Perpignam a retratar-se de seu cristianismo esotérico não o fez,

e assim, foi afastado do poder clerical, perdendo o seu título de canônico honorário.

Quando a Ordem adquiriu o número suficiente de membros, de acordo com a sua constituição, foi

rigorosamente fechada. Ela dirigia outros grupos de iniciados de graus inferiores, propagando as

doutrinas esotéricas no seio da coletividade, através de publicações das teses de doutoramento em

Cabala.

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